A interseção entre inteligência artificial (IA) e bioética é um campo complexo e em constante evolução. Confira algumas questões importantes que surgem quando consideramos o uso da IA na área da saúde:
Privacidade e confidencialidade dos dados: a IA muitas vezes requer o acesso a grandes conjuntos de dados em saúde para treinamento e funcionamento. Garantir a privacidade e a segurança desses dados é essencial para proteger a confidencialidade, sigilo e intimidade dos pacientes e evitar o uso indevido das informações;
Viés algorítmico: algoritmos de IA podem refletir e até amplificar os preconceitos presentes nos dados com os quais são treinados. Isso pode levar a disparidades e discriminação em diagnósticos, tratamentos e triagem de pacientes. É essencial desenvolver e implementar algoritmos que sejam justos e equitativos para todos os grupos demográficos;
Responsabilidade e responsabilização: quem será o responsável quando algo dá errado em um sistema de IA na área da saúde? Como atribuir responsabilidade quando uma decisão é tomada com base em um algoritmo? Estas são questões importantes que precisam ser abordadas e discutidas para garantir a segurança e a qualidade dos cuidados de saúde baseados em IA;
Autonomia do paciente: o uso da IA na tomada de decisões em saúde levanta questões sobre até que ponto os pacientes têm autonomia e controle sobre seu próprio tratamento. É importante garantir que os pacientes compreendam o seu diagnóstico, tratamento e prognóstico e tenham a capacidade de participar ativamente no processo de tomada de decisões;
Equidade no acesso: a implementação de tecnologias de IA na área da saúde pode aumentar a disparidade no acesso aos cuidados de saúde, já que nem todos os pacientes têm acesso igual a essas tecnologias avançadas. É importante garantir que o acesso às inovações tecnológicas seja equitativo e que não aumente as disparidades de saúde existentes.
Abordar essas questões éticas e bioéticas é fundamental para garantir que a IA seja usada de forma ética e responsável na área da saúde, maximizando seus benefícios e minimizando seus riscos. Isso requer uma abordagem interdisciplinar que envolva toda a sociedade.
Texto de autoria da Presidente do Comitê de Bioética do HCFMUSP (CoBi), Profª. Drª. Juliana Franco. Os canais de comunicação do CoBi são: bioeticaclinica@hc.fm.usp.br | (11) 2661-1541. Os pareceres emitidos pelo Comitê podem ser acessados por meio do site: https://www.hc.fm.usp.br/hc/pareceres.
Publicado em 13/05/2024
