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Ano I - Edição 23 - 23/09/2024 a 29/09/2024

Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP detecta microplásticos no cérebro

Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP detecta microplásticos no cérebro


Estudo realizado em parceria com a Universidade Livre de Berlim aponta as vias olfativas como porta de entrada das partículas.

Microplásticos estão sendo depositados no cérebro, tendo como uma provável rota de entrada a via inalatória. Isso é o que aponta um estudo inédito liderado pela Profa. Dra. Thais Mauad, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com o pesquisador Dr. Luis Fernando Amato Lourenço, da Universidade Livre de Berlim, que encontrou fragmentos de microplásticos no bulbo olfatório, região responsável por processar odores no sistema nervoso central. A pesquisa identificou fibras e partículas de microplásticos em oito das 15 amostras coletadas dos cérebros de 15 pessoas falecidas, que residiam em São Paulo.

O plástico mais comum encontrado foi o polipropileno, usado tipicamente em roupas, embalagens de alimentos e garrafas. “O ingresso dos nanoplásticos pelas vias olfativas é preocupante, devido à capacidade de tais partículas serem internalizadas pelas células e interferirem no metabolismo celular. O risco pode ser maior em crianças com o cérebro em desenvolvimento, com o potencial de causar alterações definitivas na vida adulta”, alerta a pesquisadora. Outras consequências para a saúde humana derivada da exposição aos plásticos e seus aditivos incluem distúrbios endócrinos, diminuição da fertilidade e doenças cardíacas. Todos os anos, mais de 500 milhões de toneladas métricas de plástico são produzidas para diversas aplicações. Cientistas compilaram uma lista com mais de 16 mil produtos químicos presentes em produtos plásticos e descobriram que mais de 4 mil deles são perigosos para a saúde humana e o meio ambiente.   O estudo foi apoiado pela Plastic Soup Foundation, instituição membro do Plastic Health Council.

Este grupo, composto por cientistas líderes e ativistas, trabalha para assegurar que o Tratado Global de Plásticos da ONU aborde os impactos na saúde humana.  Para Maria Westerbos, fundadora da Plastic Soup Foundation e cofundadora do Plastic Health Council, o plástico tornou-se tão presente na respiração quanto o próprio ar. “Os cientistas expõem, repetidamente, os perigosos efeitos do plástico na saúde humana.

No entanto, às vésperas das negociações finais do Tratado Global de Plástico, os formuladores de políticas estão cedendo aos gigantes petroquímicos. A comunidade internacional não pode perder mais tempo e deve, finalmente, ouvir a ciência, de uma vez por todas”, reforça Maria Westerbos. 

Informações adicionais:

• O relatório completo pode ser acessado em: https://x.gd/8b78c;

• Embora a via olfativa tenha sido considerada a rota de exposição mais provável, os pesquisadores não descartam a possibilidade de múltiplas rotas de entrada, como pela circulação sanguínea;

• A Plastic Soup Foundation é uma organização ambiental sem fins lucrativos que combate a poluição plástica. Sua missão é eliminar o desperdício plástico em nossas águas e em nossos corpos;

• A rodada final de negociações para o Tratado Global de Plástico da ONU está marcada para ocorrer em novembro, na Coreia do Sul.   

Redação e foto: Assessoria de Comunicação e Imprensa FMUSP.


Publicado em 20/09/2024

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