Agosto Verde Claro alerta para os sintomas e tratamentos da doença
A Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu, em agosto, uma campanha para alertar e conscientizar a população sobre os sintomas dos linfomas, tipo de câncer dos linfócitos, células encarregadas pela defesa e que ficam dentro dos gânglios linfáticos.
Os principais sintomas da doença são o surgimento de ínguas persistentes que crescem de forma indolor, em especial na região do pescoço, axilas e virilha. Outros sinais são febre persistente sem infecção aparente, usualmente vespertina; sudorese noturna; emagrecimento significativo e sem causa aparente; além de cansaço, desconforto e aumento dos gânglios e do volume abdominal.
Pode ser classificado em linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin, doenças que acometem as mesmas células, mas têm apresentação clínica, prognóstico e tratamento diferentes.
A coordenadora médica de hematologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Profa. Dra. Juliana Pereira, explica sobre as diferenças entre os dois tipos. “No linfoma de Hodgkin são encontradas as células de Reed-Sternberg, células volumosas, diferentes dos linfócitos normais e, junto com elas, há alguns infiltrados de linfócitos de outras células do sangue. Neste tipo a incidência costuma ter dois picos: por volta de 30 a 35 anos de idade e, posteriormente, por volta dos 60 anos. Costuma ter muitas ínguas na região do pescoço e/ou axilas e é altamente curável. Já o linfoma não Hodgkin é o tipo mais comum, são os outros linfomas que não possuem as células de Reed-Sternberg e pode haver infiltração em outros tecidos como pele, sistema nervoso central, fígado, estômago e intestino. Há muitos subtipos e sua incidência aumenta com a idade, por volta dos 60 anos.”.
Prevenção e diagnóstico Segundo especialistas, ainda não há uma correlação robusta com causas e fatores que podem ser evitados. Por essa razão, a recomendação médica é que os indivíduos mantenham hábitos saudáveis. Pessoas com algum grau de imunossupressão podem ficar mais suscetíveis a desenvolver a doença. O diagnóstico usualmente se dá por biópsia e o tratamento envolve, na maior parte dos casos, quimioterapia e imunoterapia, associado ou não à radioterapia.
Estudos
A Profa. Dra. Juliana Pereira destaca a importância das pesquisas que estão sendo realizadas no Icesp para este tipo de câncer. “O grupo de hematologia está trabalhando na terapia por células CAR-T. A tentativa é desenvolver uma célula CAR. O linfócito é retirado do paciente e levado ao laboratório, ali a célula é ensinada a reconhecer o antígeno do linfoma e a destruí-lo. Temos também muitas pesquisas com linfoma não Hodgkin, análises de sequenciamento de genes de pacientes com a doença em busca de alguns critérios de prognóstico para poder implantar isso na prática clínica”, pontua.
Para a especialista, campanhas de conscientização como a deste mês são de suma importância. “É importante que as pessoas tenham as informações, pois caso tenham algum dos sintomas, de modo persistente, é possível reconhecer precocemente e procurar o atendimento médico em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Importante também para o médico desta unidade, que não tem tanto contato com linfomas, para que em seu diagnóstico diferencial considere a possibilidade de que o paciente tenha a doença. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais rápido será iniciado o tratamento”, finaliza.
Publicado em 23/08/2024